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Democracia racial

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Muitas vezes referida como “ideologia da democracia racial” ou “mito da democracia racial” é um discurso que nega a existência do racismo, preconceito racial e discriminação racial no Brasil. O argumento de que no Brasil era um paraíso racial começou a ser articulada no país já na segunda metade do século XIX. Na verdade, o discurso comporta vários argumentos, desde aquele segundo o qual a intensa miscigenação da população brasileira teria tornado o exercício da discriminação racial cognitivamente inoperante, até aquele que atribui aos brasileiros uma cultura de tolerância e mansidão que não seriam compatíveis com o racismo. Gilberto Freyre foi o grande sistematizador desse mito, já a partir de sua obra Casa Grande e Senzala, ainda que tenha utilizado a expressão apenas tardiamente. O longo do século XX o mito da democracia racial teve forte impacto sobre a construção da identidade nacional brasileira, sendo adotado por vezes pelo estado ou mesmo servido de inspiração para cultura popular, inclusive a canção, a literatura e o cinema. Com a volta do Brasil ao regime democrático, a maior ativação dos movimentos negros e o advento de análises estatísticas que mostravam desigualdades raciais renitentes em todo país, o discurso da democracia racial sofreu forte corrosão. Ainda assim, nas décadas de 2000 e 2010 foi usado pelos opositores das políticas de ação afirmativa de base racial no Brasil na tentativa de mostrar que tais iniciativas eram inadequadas ao padrão de relações raciais, à cultura e à identidade nacional brasileiras.

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